“Quem foi?
Sumiu!
Estava aqui!
Juro que
Deixei bem
Aqui o celular!”
Era o que se
ouvia na sala
grande, depois
do almoço,
na volta.
Esqueceram
Um aparelho
caro, muitos R$,
daqueles…
Ultra-blaster.
E o danado
sumiu. Perda
irreparável,
momento
de sofrer.
Ficaram no
andar, a copeira,
o menino que
limpa e mais 2
estudando.
A histeria,
potenciometro
privilegiado,
fazia o grito
mais alto, mais!
“Ia chamar a polícia!
Não vai ficar assim!
Como pode haver
roubo aqui dentro?”
Todos ouviram,
Olhares se cruzando.
A copeira e o garoto
com a boca aberta
e as bocas dos outros
dois, que ficaram,
abriram também.
Chefia chegou para
entender o que houve:
balançando a cabeça
foi ligar para
“não-sei-quem-lá”.
Parece mesmo
que iam chamar a
polícia.. e desde
então, nada mais
se fala ou se faz.
Silêncio grande.
Da copa até
o corredor,
nada se diz.
Chefia ao
celular, dando
notícias para
matriz; cara feia.
Até o ramal
parou de
tocar em
respeito!
Copeira chorou.
Garoto da
limpeza? Olhando
pro teto.
A perda era
tão sentida
que de lá,
só se ouviam soluços.
“Ninguém
sai e também
não entra
ninguém.
Até as 16h
um delegado
chegará”.. Muitas
perguntas….
Cada um
por si,
no seu
canto:
Situação
e.s.c.a.b.r.o.s.a.
O que dirão
na matriz?
Ainda lamentos
“não é possível
ter ladrão aqui”
dizia de lá ,baixinho.
Pesa o ar,
Baixa em todos
a potência de agir,
não se sabe o que vem.
Alguém avisou em casa,
sutilmente, murmurando:
“caldo entornou vou
ter que esperar”;
Todos terão.
“E o spinning?”
“foi pro beleléu”.
Já passava das 17h
e nenhuma novidade.
Consolo? também não.
Todo mundo se
olhava de canto.
Da recepção se ouviu
o ramal e parece que
era a autoridade
que fora chamada.
“Chapa vai esquentar”
foi o pensamento geral.
Delegado de certo
não seria…tão pouco ninguém
sabia quem de fato
era e o que poderia
fazer e o que não
poderia.
Murmúrio? muitos…
Chefia foi atender
Traz com ele um senhor
Calvo e magrelo.
Vão para sala de meeting.
No caminho, pediram
café e água e a copeira
olhava para uma miragem
fungando e tremendo…
devia estar com medo.
Café fresquinho, água
no copo de vidro,
bandeja e toalha
e lá foi ela olhando
pro chão.
Como seria e o quê,
quem saberia?
O certo é que
nada se fez e
nada se fará
até o the end.
O cara que chegou
cheio de poder
e foi lá para
sala do meeting
ia chamando cada um…
“Pode isso? “todos
se perguntavam;
“Eram obrigados
a responder pro
carinha lá?”
Grande controvérsia:
“E..se…negar de ir conversar
Pode chamar culpa,
atenção, Ou fica assim?”
Fica assim!
Chamada a moça do
contas-a-pagar.
Foi lá e demorou
uma meia hora, pegou
a bolsa e saiu.
Falou nada com
ninguém do que
conversaram afinal…
A vez agora era
da garota da TI.
Essa, já botou no ombro
a bolsa: esperta!
Ficou por lá uns 20′
e, igualzinho a outra,
saiu direto.
A moça da copa
suava e apertava
as mãos, esperando
sua vez, nervosa.
Dava dó, sabia?
Já o menino da limpeza
mais calmo, ficou
no celular, jogando,
tipo “tô-nem-aí”,
será mesmo?
Ih.. Chamaram! Lá se foi
ele, olhando para tela do cel.
A equipe, cá fora, num baita
suspense, pois nada se sabia.
Ficou por lá mais de 40′
Os ouvidos da equipe
esticaram tanto que
pareciam estilingues
prontos pro tiro!
Mas…. nada se ouvia,
droga!
De lá saiu, pegou
a mochila, pôs de lado,
e se mandou.
Neste meio tempo,
já tava um zumzum,
que se ouvia no
corredor, quando
da portaria, chamaram:
o contador atendeu
o interfone e mandou
subir.
Avisou que era o zelador
e mais não disse.
Os ômi deram uma pausa
na chamada para as conversas.
Apareceram para beber mais
água e ir ao banheiro, parece.
Chegou na recepção,
o zelador e trouxe
um pacote embaixo
do braço, apertado
no sovaco e largou lá .
2 da equipe pegaram o pacote
na recepção e trouxeram para o
salão grande .
O contador foi quem abriu
o pacote e em volta eram
mais de um milhão de olhos:
era isso mesmo : o esperado,
o sumido, intacto e brilhando,
Ô agonia!
Chamaram a chefia, que
chamou o moço magrelo
e um ficou olhando pro outro.
Mão na cabeça dum lado,
mão no queixo do outro.
Era humhum daqui e pigarro
dali. Pareciam não saber o que
fazer a partir de então…
O tagarela de finanças
perguntou: “tudo certo?
Vamos embora?”
E já foi pegando sua mochila
de grife espanhola e
mais não disse.
Ajeitou o cabelo,
foi embora, e todo mundo
o seguiu então.